A Zona Especial de Protecção (Z.E.P.) do Palácio Nacional de Queluz foi uma das primeiras a ser criadas a nível nacional (1910) e tem como objectivo garantir a preservação do enquadramento arquitectónico e paisagístico deste Monumento Nacional. Abrange o enquadramento paisagístico e urbano da envolvente ao Palácio – inclui o Conjunto Urbano entre o Monumento e a Estação de Caminhos de Ferro, a Matinha de Queluz (junto ao IC 19), a Ponte Pedrinha (Aqueduto) e a zona florestal da "Quinta Nova", abrangendo a unidade paisagística formada pelas várzeas do Rio Jamor e da Rib.ª de Carenque.
Imagem satélite da ZEP do Palácio de Queluz
A Z.E.P. do Palácio de Queluz é um dos melhores exemplos de áreas de enquadramento delimitadas com critérios científicos com vista à protecção da paisagem. Foi pensada para a salvaguarda de um conjunto monumental histórico único no nosso País, e quase um século depois da classificação do Conjunto Monumental de Queluz, é necessário voltar a afirmar a importância de proteger este Património e aproveitar melhor o legado que as gerações anteriores nos deixaram!
Valorizar a identidade histórica e o património cultural e natural de Queluz é potenciar a "vida própria" desta Cidade - uma das medidas urgentes para promover a coesão social, promover o enraizamento das novas gerações, a segurança urbana e bem-estar da população.
Dentro da Zona Especial de Protecção destaca-se o Conjunto Urbano entre o Palácio e os "Quatro Caminhos", no centro da Cidade. Este Conjunto Urbano organiza-se entre o Jardim Conde de Almeida Araújo e a Rua Dr. Manuel de Arriaga.
Trata-se de uma das áreas mais antigas e características da jovem Cidade, com importante função social e uma imagem urbana com forte identidade e desafogada que contrasta, pela positiva, com a densificação urbana e monotonia das zonas urbanas mais recentes de Queluz.
A história do Bairro do Jardim Conde de Almeida Araújo está desde o início ligada à do Palácio Nacional de Queluz. Se no dealbar do século XVIII Queluz assume as proporções de verdadeiro palco estival da família real portuguesa, é já nos finais do séc. XIX, inícios do séc. XX que a burguesia lisboeta, ávida do destaque dado pela nobreza presente no local e da vida campestre bucólica, começa a construir as suas residências e chalets nas imediações do Palácio Real. Pouco a pouco, vão-se erguendo também os primeiros edifícios de rendimento, ao estilo da época e destinados inicialmente a empregados e militares bem colocados ou com algumas posses, aproveitando as facilidades de transporte oferecidas pela abertura definitiva, em 1877, da linha de caminho de ferro de Sintra. O conjunto do Bairro do Jardim Conde de Almeida Araújo desenvolve-se então com um traçado pitoresco em torno de um jardim e passeio central, bem ao estilo da época.


Assim, o valor patrimonial deste bairro assenta, hoje, sobretudo na preservação do conjunto dos edifícios que o compõem. Ali podemos encontrar desde pequenas lojas de comércio tradicional, a sedes históricas dos principais clubes recreativos e desportivos da Cidade, restaurantes e espaços de animação, o primeiro Jardim de infância (estilo "Casa portuguesa") no Jardim Conde de Almeida Araújo, a Junta de Freguesia, a antiga moradia de Stuart Carvalhais (célebre caricaturista dos anos 30), uma Villa "operária" novecentista (o único edifício deste género no Concelho), modestas habitações populares do séc. XVIII, algumas das quais antigas residências de artistas que terão colaborado na execução do Palácio, entre muitos outros imóveis que justificam maior atenção e preservação (podem observar esta zona da nossa cidade, entre outras, no filme que elaborámos).
Contudo, em vez de reconhecerem a importância desta zona e da sua reabilitação para reforçar a identidade da Cidade e melhorar a qualidade de vida dos seus habitantes, as entidades responsáveis continuam a aprovar projectos de construção de edifícios de grandes dimensões e incaracterísticos, que contribuem para descaracterizar e desvalorizar a identidade histórica do Conjunto Urbano Antigo de Queluz. De facto, a recente autorização da construção de novos prédios, à custa da demolição de edifícios antigos com muito menor densidade e com espaços verdes privados, tem custos lamentáveis para a identidade e qualidade de vida do Bairro e para o verdadeiro progresso da Cidade de Queluz, com perda de características importantes, suporte de vínculos sociais profundos da população. Estará também a desvirtuar o enquadramento do conjunto histórico-arquitectónico formado pelo Palácio Nacional de Queluz e zona envolvente, a par da densificação e da terciarização da área.
Recentemente foi mesmo aprovada a demolição do edifício dos nºs 62 e 64 da Rua Conde de Almeida Araújo, frente à alameda-jardim com o mesmo nome.
Edifício da Av. Conde Almeida Araújo, nºs 62 e 64 – fachada principal e pormenor das entradas individuais com pequenos espaços ajardinados característicos deste edifício antigo.
.
A preservação das características dos bairros tradicionais é expressamente recomendada pelas autoridades internacionais: “Cada conjunto histórico e o seu enquadramento devem considerar-se como um todo coerente, cujo equilíbrio e carácter específico dependem da síntese dos elementos que o compõem e que compreendem tanto as actividades humanas como os edifícios, a estrutura espacial e as áreas envolventes. Assim, todos os elementos válidos, incluindo as actividades humanas, por mais modestas que sejam, possuem, relativamente ao conjunto, um significado que importa respeitar.”
“Os conjuntos históricos e o seu enquadramento constituem um património universal insubstituível. A sua salvaguarda e integração na vida colectiva da nossa época devem constituir uma obrigação para os governos e para os cidadãos dos Estados em cujos territórios se encontram.”
(UNESCO, 26 de Novembro de 1976, Recomendação sobre a Salvaguarda dos Conjuntos Históricos e da sua Função na Vida Contemporânea, n.ºs 2 e 3)
.
.
O que posso fazer como cidadão, para preservar a ZEP do Palácio de Queluz?
.
Residente em Queluz ou não, contribua para a preservação e valorização das potencialidades da nossa Cidade, subscrevendo a petição para a preservação do conjunto urbano histórico de Queluz.
.
Subscreva a Petição pela defesa da Zona de Protecção Especial do Palácio de Queluz
.
Os cidadãos que subscreverem esta petição, solicitam o empenhamento de das entidades responsáveis no sentido de:
- Ser desenvolvido pela C.M. de Sintra o necessário Plano Urbanístico para a valorização de todo o conjunto urbano da Zona Especial de Protecção do Palácio Nacional de Queluz;
- Ser impedido o desaparecimento do património local, nomeadamente não aprovando demolições e promovendo a reabilitação do edificado antigo e a consequente melhoria das condições de vida dos residentes;
- Ser promovida a animação e valorização contínua desta zona da Cidade, através da dinamização de eventos culturais, aproveitamento das estruturas associativas existentes, divulgação e sinalização de percursos turísticos, o apoio ao comércio tradicional, entre outros.
.
.
Pode também contactar directamente ou através de e-mail a Câmara, o IPPAR, a Junta e Assembleia de Freguesia de Queluz e expressar a sua opinião para a necessidade de valorização o património da Cidade. A sua voz, unida a muitas outras, poderá fazer a diferença e sensibilizar quem decide!
.
- Presidente Câmara Municipal de Sintra - geral@cm-sintra.pt / fax.219238571 / tel.219238500
- Director da Direcção Regional de Lisboa do IPPAR- drl.ippar@ippar.pt / fax. 217937563 / tel.217963752
- Presidente da Junta de Freguesia de Queluz - jfqueluz@mail.telepac.pt / fax. 214 346 619 / 214346610
- Presidente Assembleia de Freguesia de Queluz - jfqueluz@mail.telepac.pt / fax. 214 346 619 / 214346610
.
Fontes:
- http://www.olho-vivo.org/
- "Salvaguardar e preservar o Conjunto Urbano do Jardim da República ( Z.E.P. do Palácio Nacional de Queluz" - Arq. Miguel Brito Correia e Dr. J.Manuel Vargas, especialistas da área do Património.